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O sucateamento da pesquisa agropecuária no Paraná: um alerta necessário

*Daniel Roberto Galafassi

Fundado em 1972, o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) consolidou-se como referência em pesquisa agropecuária no Brasil. Em 2019, foi incorporado ao Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), mantendo a responsabilidade como órgão oficial de pesquisa agropecuária do estado. Ao longo de sua história, o Instituto formou profissionais altamente capacitados e contribuiu decisivamente para a inovação no meio rural e no agronegócio paranaense.

Entre suas inúmeras conquistas, o IAPAR foi protagonista na promoção da conservação do solo e da água, no desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção e na estruturação de cadeias produtivas mais eficientes. Os avanços em plantio direto, rotação de culturas, citricultura, integração lavoura-pecuária-floresta, cafeicultura e zoneamento agroclimático são apenas alguns dos marcos que colocaram o Paraná em posição de destaque no cenário agrícola nacional.

Foram mais de 230 cultivares desenvolvidas, com especial contribuição nas culturas de feijão, trigo, milho, café, laranja e maçã. Além disso, o Instituto realizou centenas de cursos, dias de campo, seminários e publicou mais de 500 trabalhos científicos ao longo de seus 53 anos de existência.

Em 1981, o Paraná — pioneiro no sistema de plantio direto — viu o IAPAR lançar a primeira publicação técnica sobre essa prática, que hoje é adotada em mais de 30 milhões de hectares no Brasil e representa um marco na agricultura moderna.

Contudo, apesar de seu histórico de excelência, o atual cenário é preocupante. A pesquisa agropecuária no Paraná vem sendo sucateada. Faltam investimentos, planejamento estratégico e valorização dos profissionais e das estruturas existentes. Isso é inadmissível para um estado que é líder nacional na produção de alimentos por metro quadrado.O IDR-Paraná possui cerca de 4 mil hectares distribuídos estrategicamente em todo o estado, um patrimônio inestimável que está sendo subutilizado. Em um momento em que a sustentabilidade da produção agropecuária é mais urgente do que nunca, é fundamental que o Governo do Paraná assuma seu papel e invista na pesquisa como política de estado.É preciso garantir recursos para que o Instituto possa:

• liderar ações de revitalização de pastagens degradadas;
• fomentar a expansão dos sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta;
• assumir o protagonismo na pesquisa com bioinsumos;
• desenvolver ações na conservação do solo e da água;
• atuar em cooperação com as universidades estaduais e centros de pesquisa;
• e, sobretudo, criar um programa eficaz de assistência técnica para difusão da pesquisa.

A omissão custará caro ao futuro da agropecuária paranaense. O Estado do Paraná precisa reconhecer o valor estratégico da ciência e da inovação no campo e dar ao IDR-Paraná a estrutura, os recursos e a autonomia necessários para cumprir sua missão.

Investir em pesquisa agropecuária é investir na segurança alimentar, na sustentabilidade ambiental e no desenvolvimento econômico do estado.


*Engenheiro agrônomo, presidente da APEPA - Associação Paranaense de Planejamento Agropecuário


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